Como todos sabem, se tem uma coisa que eu adoro é e-mail de “nova modalidade de assalto” (aliás, sou grande apreciadora de lendas urbanas internéticas em geral). O bom deste assunto é que ele nunca se esgota. Quando você pensa que já leu todo tipo de neurose idiota possível – de assaltantes que jogam silicone no seu vidro a golpistas que usam um pó misterioso para te dar o golpe no restaurante por quilo – aparece mais alguma coisa. E, como as seqüências cinematográficas, as lendas urbanas de assalto precisam de cada vez mais ação, emoção e deliciosos delírios absurdos. Como o novo golpe de seqüestro que acabei de receber.
“QUE LOUCURA!!! QUE MUNDO É ESSE!!!
A QUE PONTO CHEGAMOS...
A POLÍCIA PEDE PARA REPASSAR PARA O MÁXIMO DE PESSOAS!!!!
Até onde vai a maldade do ser humano?”
Eu amo estes abres indignados, com muitos pontos de exclamação e nenhum de interrogação, que aliás deveria existir ali.
“O ÚLTIMO CASO OCORREU COM UM GAROTO DE 15 ANOS, NO RIO DE JANEIRO!
Ele estava voltando para casa, quando ouviu um bebê chorando dentro de uma construção. Ao entrar e se aproximar da criança, ele recebeu uma tijolada na cabeça e desmaiou. Algumas horas depois ele se encontrava vendado no porta-malas de um carro em movimento. Depois, num galpão, ainda vendado, foi posto um pano contendo uma substância química, em seu nariz e boca, para que ele desmaiasse.”
O detalhe que eu mais apreciei aqui é que o menino, coitado, desmaiou duas vezes. Por que não aplicaram logo a tal substância química na construção?
“Os seqüestradores ligaram para a família do garoto pedindo uma certa quantia para o resgate. Como a quantia foi paga, os seqüestradores jogaram o menino amarrado, em plena madrugada, em frente casa da família (tudo indica que eles já perseguiam o garoto há tempos).”
Breve pausa para explicar como os bandidos sabiam onde era a casa do rapaz e, assim, garantir a coerência do roteiro.
”A família encontrou uma estranha cicatriz na barriga do menino e o levou para o hospital, para que os médicos lhe examinassem. A surpresa foi que lá dentro (da barriga do garoto) foi encontrado um bilhete plastificado com a seguinte frase: 'O dinheiro pode salvar a vida de seu filho, mas não pode poupá-lo da morte...'.”
E você pensou que ele ia estar sem um rim, né? Arrá! Nada disso. Eu não disse que era muito mais emocionante? E você não amou a poética dos bandidos? Devia chamar seqüestro Kinder Ovo – quando você abre o seqüestrado, tem uma surpresa dentro!
”Depois de alguns exames, descobriram que o garoto estava infectado com várias doenças, como: tuberculose, Mal de Chagas e até HIV positivo! O garoto se lembra de ter levado picadas no corpo que seriam, supostamente, seringas contendo tais doenças!”
Gente, a gangue é muito completa! Conta não só com um bebê (que chora na construção), mas também com um barbeiro, para inocular a doença de Chagas!
”12 CASOS SÓ NO ESTADO DE SÃO PAULO. A POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO JÁ ESTÁ AVISANDO A POPULAÇÃO: NÃO PASSE EM FRENTE CONSTRUÇÕES OU CAÇAMBAS DE LIXO.
A MAIORIA DOS RELATOS CONTAM QUE TAL FATO ACONTECE NO PERÍODO NOTURNO, PRINCIPALMENTE COM CRIANÇAS OU ADOLESCENTES DE 13 A 20 ANOS. CASOS COMO ESTE ESTÃO OCORRENDO PELO BRASIL INTEIRO, PRINCIPALMENTE EM BAIRROS NOBRES. A POLÍCIA PEDE A TODOS PARA FICAREM ATENTOS, PRINCIPALMENTE EM RUAS ESCURAS.
CASOS COMO ESTE OCORREM TODA SEMANA, ACREDITAM QUE O TAL BEBÊ CHORÃO POSSA SER FILHO DOS SEQÜESTRADORES OU ATÉ MESMO NÃO EXISTA, SENDO APENAS VOZES DELES. EXISTEM CASOS QUE VARIAM COM MULHERES CHORANDO.”
É a hora da moral da história. Aí vêm os números de casos, as recomendações de segurança impossíveis de ser cumpridas (“não passe na frente de caçambas”, claro, muito simples) e outras explicações para fechar o roteiro (o bebê pode ser apenas o seqüestrador, er, imitando um bebê).
”ISSO NÃO É BRINCADEIRA. O AVISO É SÉRIO E DEVEMOS FICAR ALERTAS NAS RUAS! A POLÍCIA ALERTA: PASSE ESTA MENSAGEM ADIANTE PARA TODOS COM QUEM VOCÊ SE IMPORTA. QUANTO MAIS SE ESPALHAR, MAIS CHANCE TEMOS DE VENCER CONTRA ESTAS TERRÍVEIS PESSOAS.”
O velho apelo sentimental...
Copiado sem dó daqui
Um comentário:
Isso me parece uma mistura de várias lendas urbanas que eu já tinha ouvido
Menção honrosa ao site de onde tirei esse texto,que se chama as garotas que dizem Ni!
Ni!
Ni!
Ni!
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